sábado, 30 de setembro de 2017

Como se poderá avaliar o resultado de Assunção Cristas/CDS nas eleições autárquicas de 2017 em Lisboa quando se espera o pior resultado de sempre da Direita com um Governo do PS em funções?

De vez em quando, dedico aqui um pouco de atenção às eleições em Portugal, não tanto para fazer campanha ou publicidade, mas mais para dar um possível contributo para a interpretação de resultados, com tabelas e gráficos. Desta vez, pretendo, ainda antes das eleições, tentar perceber se o resultado anunciado para Assunção Cristas/CDS na sua candidatura à presidência do Município de Lisboa nas eleições de 2017 se afigura como um resultado histórico e marcante, como vejo anunciado por todo o lado.

Consegue, em 2017 e com um Governo do PS em funções, Assunção Cristas levar a direita a um resultado histórico em Lisboa?

Resultados da Direita (PSD + CDS + PPM) nas eleições autárquicas para a presidência do Município de Lisboa desde 1974


Para tentar dar resposta à questão, elaborei um gráfico com os resultados para a presidência do Município de Lisboa das eleições autárquicas desde 1974 até ao presente, agregando os resultados do PSD + CDS + PPM. Nos resultados das intercalares de 2007, incluí também à direita os resultados da candidatura independente de Carmona Rodrigues.

Parece-me que não se pode avaliar os resultados de Assunção Cristas/CDS de forma independente dos resultados globais da Direita. Grande parte do eleitorado de Esquerda vota regularmente à esquerda e grande parte do eleitorado de Direita faz o mesmo à direita, mesmo se trocando de partido. Em 2017, conheço eleitores que normalmente votam PSD e que vão, desta vez, votar CDS, ou para enfraquecer Passos Coelho - querem outra liderança que os possa levar a melhores resultados no futuro - e/ou porque simplesmente não acreditam na candidatura do PSD a estas eleições. Desta forma, analiso os resultados do CDS em conjunto com os resultados do PSD.

E a resposta parece ser, a acreditar nas sondagens, não, Assunção Cristas/CDS falham em conseguir liderar a Direita para um resultado expressivo em Lisboa. Aliás, os 17,5% previstos para o CDS, quando para o PSD se prevêem uns míseros 12,5%, contribuiem para o segundo pior resultado da Direita em Lisboa - 30% - desde 1974 e o pior resultado em autárquicas quando o Governo de Portugal é liderado pelo PS. Pouco impressionante, diria eu.
Os 17,5% previstos para o CDS, quando para o PSD se prevêem uns míseros 12,5%, contribuiem para o segundo pior resultado da Direita em Lisboa - 30% - desde 1974 e o pior resultado em autárquicas quando o Governo de Portugal é liderado pelo PS.

O que se deveria estranhar é ver grande parte da comunicação social a querer atribuir a Assunção Cristas um resultado histórico quando, na verdade, face a um PSD quase ausente nestas eleições em Lisboa, Assunção Cristas e o CDS falham na tentativa de agregar na sua candidatura os votos da Direita, contribuindo para o pior resultado em Lisboa quando existe um Governo do PS em funções. Uma derrota, diria eu, não do PSD, que se ausentou nestas eleições, mas de Assunção Cristas e do CDS, que apostaram em força em Lisboa mas falham em conseguir entusiasmar a Direita.

Por isso, lembrem-se disto quando virem a comunicação social a querer inflacionar o significado do resultado do CDS em Lisboa. Parece-me haver nessa leitura do resultado uma campanha concertada para enfraquecer a liderança de Passos Coelho no PSD e carregar Assunção Cristas ao colo.

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